Resumos

Perspectivas e Desafios para a política econômica na América Latina e Caribe

PalestrantesKrishna Srinivasan, Marcello Estevão, Carlos Cáceres e Fabiano Rodrigues Bastos

Nota: A mesa redonda do dia 21/10 discutiu as principais perspectivas e desafios à política econômica da América Latina e Caribe para os próximos anos. A discussão foi centrada em 3 pontos principais: preços de commodities, aperto monetário nos EUA e capacidade doméstica de implantar políticas públicas.

Resumo: A discussão começou com a apresentação de Krishna Srinivasan sobre as perspectivas econômicas e os principais desafios para a região, nos próximos anos. Em linhas gerais, destaca-se:

  • A queda no preço das commodities reduziu as projeções de crescimento para toda a região, mas com efeitos diferenciados dependendo do grau de dependência de cada país – América Central deve sofrer menos, especialmente por conta da integração com EUA e menor dependência de commodities;
    • Declínio dos termos de troca é o principal desafio;
    • Choque na Venezuela deve ficar em torno do 20% do PIB;
    • Chile foi atingido primeiro, mas já está em recuperação.
  • Inflação elevada, especialmente para Venezuela, Argentina e Brasil;
  • Integração global dos mercados financeiros pode acentuar os problemas;
  • Alavancagem corporativa piorou;
    • Razão endividamento/geração de caixa das empresas está piorando. A consequência é um aumento do risco na região.
  • Condições domésticas ficaram mais complicadas;
    • Consumo e formação de capital está diminuindo;
    • Espaço fiscal está encolhendo – aumento do endividamento torna cada vez mais difícil acomodar os choques.
    • Política monetária atual parece apropriada, mas há pouco espaço para estimular a economia.
  • Foram apresentados as questões mais relevantes para 4 países:
    • Brasil: Quadro recessivo, com taxa de inflação ancorada em níveis elevados. Problemas fiscais minando a confiança dos mercados;
    • Equador: Baixa competitividade (economia dolarizada) e fortes choques externos;
    • Argentina: Monetização dos déficits fiscais elevando inflação e perda de reservas;
    • Venezuela: Queda nos preços do petróleo reduziram capacidade de importação. Monetização dos déficits fiscais elevando inflação.
  • Diferentes níveis de flexibilização das taxas de câmbio produzem efeitos diferenciados entre os países;
  • Aperto monetário nos EUA: impactos moderados no caso de um aumento “suave “ das taxas de juros e mais profundos em caso de um aumento mais elevado.

Em seguida, Fabiano Rodrigues Bastos apresentou um trabalho sobre integração comercial na região. Os pontos principais apresentados foram:

  • Painel de 40 países, entre 1995 e 2011: Matriz insumo-produto mostrando o valor adicionado pelas exportações;
  • Região tem tido resultados comerciais abaixo do esperado, em especial América do Sul.
  • Principais riscos ao fluxo comercial:
    • Diminuição no crescimento da China – choque de demanda;
    • Aperto monetário nos EUA – aumento nas taxas de juros de longo prazo;
    • Aumento no endividamento corporativo.
  • Implicações para políticas públicas
    • Taxa de câmbio é a variável fundamental;
    • Políticas públicas para expandir comércio são importantes, mas implementação é difícil;
    • Política monetária pode ser usada, mas com moderação.
    • Reformas estruturais são necessárias.

Finalizando as apresentações, Carlos Cáceres falou sobre expectativas para o aumento da taxa de juros nos EUA:

  • Ideia central do trabalho era tentar quantificar o grau de autonomia das políticas monetárias e os impactos do aumento da taxa de juros;
  • Taxa de juros nos EUA afeta a região por dois canais distintos: diretamente por conta da integração dos mercados financeiros e indiretamente pelo efeito sobre economia real nos EUA;
  • Comércio com as maiores economias é determinante da performance – tanto a boa quanto a ruim;
  • Integração nas cadeias produtivas globais pode ajudar:
    • Penetração em mercados maiores;
    • Cadeias produtivas mais complexas – possibilidade de agregar mais valor.
  • Acordos comerciais podem ajudar ou prejudicar o desempenho da região.

Resumo e Nota preparados por: Tiago Pontes Ferraz

 

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