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Juros de dois dígitos não voltam, diz ex-presidente do BC

Para Ilan Goldfajn, hoje presidente do conselho do Credit Suisse, mudança do patamar é mais perene porque política fiscal de expansão não parece mais ser uma opção

Presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil e ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn defendeu nesta sexta-feira que o contexto de taxas de juros reais mais baixas “veio para ficar”, tanto pelo cenário externo quanto por fatores internos.

Ele argumenta que a queda do risco país, a agenda de reformas e a mudança no mix de políticas econômicas no Brasil, aliados ao cenário de inflação mais baixa no mundo, determinaram a queda dos preços no país.

Os comentários de Ilan foram feitos em palestra sobre o juro neutro na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo. Em sua fala, ele disse ainda que, apesar de enxergar uma mudança na composição, “isso não aboliu a flutuação das taxas”.

“O meu argumento é em relação a uma mudança estrutural. Acho que os juros de dois dígitos não voltam, mas quero deixar claro que os juros devem continuar flutuando. São questões de curto prazo”, afirmou.

Para ele, a alteração no mix de política econômica pode ser considerado o fator mais importante para a mudança na estrutura do juro real brasileiro. “Nos últimos anos, tivemos uma reversão desse fator e, agora, temos uma política fiscal contracionista e o Banco Central mais expansionista, o que permite queda maior da taxa de juros. Essa mudança, ao contrário do passado, parece ser algo mais perene porque uma política fiscal de expansão não me parece mais ser uma opção.”

Ilan disse pensar que o Brasil está na direção certa, mas definiu que a palavra chave para a economia brasileira deve ser “persistência”.

“Se tivermos persistência, acho que chegamos lá”, afirmou.

Durante a palestra, Ilan também comentou sobre as incertezas que rondam a economia global e comentou que, apesar de não esperar que esse cenário dure para sempre, “devemos ter um período adicional de investimento global mais baixo pela frente, dada que essa incerteza não deve ser solucionada no próximo ano”.

Fonte: Valor Econômico, 29/11/2019

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