Desaceleração esperada na China diante do surto de coronavírus deve ter impacto na economia brasileira
O Itaú reafirmou nesta segunda-feira suas projeções de crescimento do produto interno bruto (PIB) em 1,2% para 2019, 2,2% para 2020 e 3,0% para 2021. O banco reconhece, porém, que a perspectiva de uma política monetária menos expancionista do que o esperado e o impacto potencial de uma desaceleração mais pronunciada da economia chinesa, como reação ao surto de coronavírus, adicionam risco de baixa às projeções.
A equipe do Itaú, em relatório de revisão de cenário, lembra que os dados de atividade recuaram em novembro e devem ter recuado novamente em dezembro. “Isso leva a um carrego estatístico negativo para o primeiro trimestre de 2020 e reforça nossa visão de que o crescimento do PIB perderá força no começo deste ano.”
A instituição financeira projeta crescimento do PIB de 0,6% no quarto trimestre de 2019 e 0,3% no primeiro trimestre de 2020 ante o trimestre anterior com ajuste sazonal. O banco avalia ainda que o investimento deve recuar no quarto trimestre, após altas nos dois trimestres anteriores.
Para a inflação, a projeção foi mantida em 3,3% neste ano e 3,5% em 2021. O banco avalia, porém, que a projeção para este ano tem viés de baixa. “Além da carne bovina, outros produtos também indicam potencial viés baixista para a inflação deste ano, notadamente energia elétrica e gasolina. Enxergamos, portanto, algum espaço para revisão para baixo na nossa projeção”, afirma os economistas da equipe de Mario Mesquita.
O Itaú projeta ainda déficit primário de 1,0% (R$ 80 bilhões) em 2020 e de 0,5% do PIB em 2021 (R$ 40 bilhões). “O resultado de 2020 é pior do que o registrado em 2019 (R$ 62 bilhões ou 0,9% do PIB), em razão das menores receitas extraordinárias previstas para o ano: esperamos R$ 40 bilhões (0,5% do PIB) em eventos não-recorrentes para este ano, diante de R$ 63 bilhões (0,9% do PIB) no ano passado.”
O banco manteve ainda sua projeção de taxa de câmbio em R$ 4,15 reais em 2020 e 2021. Para a política monetária, a expectativa é de que a taxa Selic encerre este ano no nível atual de 4,25%.
Banco prevê recuo nos investimentos no quarto trimestre — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
Fonte: Valor Econômico
Por Thais Carrança