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Pedro Malan vê excesso de otimismo em órgãos internacionais para o pós-pandemia

O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan disse nesta terça-feira, 2, que vê um excesso de otimismo nas previsões de organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), e também de parte do mercado, de uma recuperação na forma de “V” após a pandemia do coronavírus

Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda, ex-presidente do Banco Central e um dos pais do Plano Real

Evento “20 anos depois do Plano Real: um debate sobre o futuro do Brasil” realizado pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Na foto Pedro Malan – Imagem: Clayton de Souza/Estadão Conteúdo

O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan disse nesta terça-feira, 2, que vê um excesso de otimismo nas previsões de organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), e também de parte do mercado, de uma recuperação na forma de “V” após a pandemia do coronavírus.

Ao participar da mesma live, o ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, comentou que os mercados estão neste momento otimistas com o que chamou de “cortisona monetária”, em referência à injeção de liquidez gigantesca feita em coordenação pelos maiores bancos centrais do mundo no combate aos efeitos da pandemia na economia.

“Os mercados estão contentes porque estão com uma injeção de esteroides e por conta da crença de que nós, humanos, coletivamente, vamos ganhar essa briga com o vírus. Se o mercado, com esse grau de liquidez, espelha fundamentos, são outros quinhentos”, afirmou Fraga. “O mundo está um pouco animado demais, dopado por essa cortisona monetária”, acrescentou o ex-presidente do BC.

Durante a live, promovida pelo BTG Pactual – e que teve como mediador o ex-ministro da Fazenda Eduardo Guardia, hoje CEO da Asset Management do BTG Pactual -, Pedro Malan, após citar previsões de retomada rápida após uma recessão abrupta, recorreu à história para lembrar do risco de, na verdade, a economia global enfrentar uma segunda profunda queda, o que levaria a uma recuperação não em “V”, mas, sim, na forma de “W”.

O ex-ministro da Fazenda ressaltou que entre 1937 e 1938 também se acreditou que a economia americana estava saindo da Grande Depressão, mas o que se viu na sequência foi um segundo mergulho, de modo que os Estados Unidos só conseguiram mesmo encerrar a crise com os investimentos maciços nos preparativos de seu ingresso na Segunda Guerra Mundial.

Já na crise internacional de 2008/09, Malan lembrou que apenas em meados de 2010 consolidou-se o fim da recessão americana, já que até então havia receio de uma nova queda.

“Acho meio otimista em demasia falar em “V”. O ministro da Economia Paulo Guedes) fala em “V da Nike”, um “V” estilizado. Mas acho que é otimista a recuperação em V tal como está sendo anunciada por instituições internacionais e por parte do mercado”, afirmou Malan. Ele acrescentou que os pacotes emergenciais lançados no enfrentamento do coronavírus não resolvem problemas estruturais que recaem sobre a confiança e também no comércio internacional, tendo em vista a tendência de escalada do protecionismo comercial.

Fonte: Estadão conteúdo

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