O trabalho, agora, diz o executivo, é continuar preservando as instituições
Valor
A partir da punição dos envolvidos, os episódios de vandalismo no domingo em Brasília tendem a se tornar “uma página virada”, segundo o presidente da Natura &Co, Fábio Barbosa. Para ele, a democracia saiu fortalecida porque os poderes atingidos – Executivo, Legislativo e Judiciário – agiram prontamente. O trabalho, agora, diz o executivo, é continuar preservando as instituições.
Barbosa faz parte do grupo de personalidades que assinaram a carta em defesa do Estado Democrático de Direito, documento elaborado em meados de 2022 e que se tornou um dos símbolos de defesa do sistema eleitoral brasileiro diante de ameaças do governo de Jair Bolsonaro.
Durante a campanha eleitoral, Barbosa apoiou a candidatura de Simone Tebet, agora ministra do Planejamento e Orçamento. Leia, abaixo, os principais trechos, da entrevista com Barbosa, que está no exterior, de onde acompanhou os episódios de vandalismo no domingo.
Valor: Como o senhor avalia os atos em Brasília ontem?
Barbosa: Foi um ataque inaceitável. Algo bárbaro. Mas fosse qual fosse o motivo não foi atingido.
Valor: Por quê?
Barbosa: Porque a democracia resistiu. As instituições agiram como tinham que reagir e de forma contundente.
Valor: Quais providências o senhor acredita que devam ser tomadas daqui para a frente?
Barbosa: É preciso investir e punir os culpados. Identificar e punir os responsáveis, por ação ou por omissão. E também reforçar as instituições e a partir daí é vida que segue. Sinto que é uma espécie de virar a página.
Valor: O senhor acredita, então, que o bolsonarismo saiu enfraquecido?
Barbosa: No meio do bolsonarismo tem de tudo e não podemos esquecer que Jair Bolsonaro recebeu quase 50% dos votos na eleição presidencial. Agora, os mais radicais, sim, sairão desgastados. Mas, ao mesmo tempo, a democracia sai fortalecida.
Valor: De que forma o senhor compara os episódios em Brasília, no domingo, com a invasão do Capitólio em janeiro de 2021?
Barbosa: Os dois casos tendem a se tornar páginas viradas porque em ambos ganhou a democracia. Ganhou lá e ganhou cá. A reação dos dois governos foi forte e dentro das regras.
Valor: Com o desmonte de acampamentos de bolsonaristas em Brasília esse tipo de manifestação tende a acabar?
Barbosa: Existe uma ala radical dentro do bolsonarismo que não vai entregar os pontos. Mas eu penso: que mais vão tentar? Por isso, de qualquer forma há um enfraquecimento.
Valor: Mas um episódio desse porte uma semana depois da posse não mexe com a governabilidade do país?
Barbosa: O que ocorreu foi trágico, horroroso. Uma quebradeira inadmissível. Mas não deve tirar (o trabalho do governo) dos trilhos. Executivo, Legislativo e Judiciário assumiram uma ação bastante coordenada.
Valor: E como o senhor avalia a primeira semana de governo e a posse do ministério?
Barbosa: No começo surgiram declarações dos ministros sem muita coordenação. Mas o que eu acho bom é que temos pessoas influentes na área econômica: Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Roberto Campos Neto (Banco Central). Isso permite um equilíbrio no trabalho. Mas temos que aguardar. Estamos ainda no primeiro minuto do primeiro tempo.
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