Diário do Nordeste
Apesar de ser ainda uma economia fechada, do ponto de vista do peso do comércio exterior no PIB, o Brasil tem participação relevante em diversos mercados específicos, e é de longe o maior exportador da América do Sul. Considerando os dados de 2022 e 2023, o país exibiu saldos comerciais expressivos, mas com diferenças regionais. As regiões Norte, Nordeste e Sul foram deficitárias, porém o Sudeste e o Centro-Oeste foram superavitários.
O Nordeste tem contribuído com cerca de 8% das exportações totais, e 11,5% das importações. Os principais destinos das exportações brasileiras em 2023 foram a China (30,7% do total), Estados Unidos (10,9%) e Argentina (4,9%) – considerando os membros da União Europeia isoladamente. O padrão no Nordeste é um pouco distinto. A China segue na liderança (25,8%), seguida pelos Estados Unidos (11,6%) e Singapura (7,3%).
Considerando a origem das importações brasileiras, novamente a China teve a liderança (22,1%), seguida pelos EUA (15,8%) e Alemanha (5,5%). As importações nordestinas tiveram comportamento diferente: a principal origem foi a economia americana (19,8%), seguida pela China (17,9%) e Espanha (4,5%).
Segundo os dados referentes aos últimos 12 meses, os principais itens da pauta exportadora foram Soja, Óleos Combustíveis e Celulose. Já as principais importações foram de Óleos Combustíveis, Petróleo Bruto e Fertilizantes Químicos.
A maior economia da região, a Bahia, é também a maior fonte de exportações. Sua pauta é diversificada, mas três produtos se destacam: Óleos Combustíveis (21%), Soja (21%) e Celulose (11%). O segundo maior exportador do Nordeste, mesmo sem ser a segunda maior economia regional, é o Maranhão. Nesse caso, a pauta é menos diversificada: Soja (40%), Alumina (19%) e Milho (11%).
O crescimento da importância das exportações de Soja reflete a expansão da fronteira agrícola do MATOPIBA – a commodity responde por nada menos do que 75% das exportações piauienses.
Considerando as importações, o maior mercado novamente é o baiano, com uma pauta dominada por Óleos Combustíveis de Petróleo (28%), Óleos Brutos de Petróleo (26%) e Fertilizantes (9%). O segundo maior estado importador é Pernambuco, com foco em Óleos Combustíveis de Petróleo (28%), Partes e Acessórios de Veículos (8,4%), Propano e Butano (6,8%).
Os dados de comércio exterior ilustram a relevância do setor petroquímico e da nova fronteira agrícola para a economia regional, ainda que a pauta comercial apresente certa diversificação. O avanço das exportações de cereais, liderado pelo setor privado, mostra o dinamismo potencial do Agronegócio nordestino, e poderia, no limite, levar a região a apresentar resultados comerciais mais equilibrados. Já a petroquímica conta com participação bem mais relevante do estado, o que pode impor limites ao seu dinamismo, a depender das oscilações de políticas públicas.
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