Sempre defendi a gestão profissional no futebol. A criação da SAF é o caminho para chegar a isso
Estadão
Sou apaixonada por futebol. Mais ainda pelo Botafogo. Estou muito feliz vendo meu time de volta à elite do futebol. A criação da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) é responsável por isso. O impacto positivo é imenso. Começa pela transparência dos dados; afinal, trata-se de uma sociedade anônima, regida pela Lei 14.193/2021 e pela própria Lei das S.A. Em 2003, cheguei com Bebeto de Freitas ao Botafogo, e não havia livro-caixa, nem balanço. Foi preciso até registrar um B.O. para recuperar os discos de memória dos computadores que haviam sido retirados (e apagados) pela administração anterior.
Sempre defendi a gestão profissional no futebol, e isso incomodava os “donos” dos clubes. Um deles me mandou voltar para o “fugão” (sic). Do meu Fogão, nunca saí.
A SAF permitiu a renegociação de dívidas, a contratação de um time com o melhor custo/benefício do País e a transformação do marketing. O amor da torcida explodiu. Botafogo será o time brasileiro que levará mais torcedores numa final de Libertadores fora do País.
Deveria merecer aplausos. Mas há um queixume injustificado. O clube mais rico do País chega ao ridículo de falar em fair play na contratação de jogadores. Quer continuar gastando sozinho. Outros reclamam da alavancagem financeira, mas tem time por aí devendo centenas de milhões por conta da construção de seu estádio. “Faz parte”, é a resposta. E ainda tem os que são contra estrangeiro por aqui, no entanto, não perdem um jogo da Champions League. Os grandes times da Europa foram formados com massivos investimentos multinacionais. Há também os que alegam que a SAF vai quebrar e largar o clube, preferindo manter seu cartola de estimação no poder. Esquecem que eles vão embora com o clube afundado em dívidas. Vi isso de perto no Botafogo. Os falsos mecenas. A renegociação do Cruzeiro mostra que há um mercado se formando.
A resistência à SAF me lembra a privatização. A mesma nostalgia do fracasso: empresas quebradas, péssimo serviço, políticos no comando e no centro de escândalos de corrupção.
Nosso futebol reflete seu comando. A seleção brasileira não ameaça mais, jogadores só pensam em ir embora e a arbitragem é abaixo da crítica. Quanto mais times virarem SAF, menos força terá a CBF. Que o Fluminense e muitos outros se juntem a nós.
Escrevi essa coluna antes dos resultados do ano. Claro que quero ser campeã, mas, independentemente de qualquer coisa, a SAF já me deu muitas alegrias. Há dois anos, meu time corria o risco de acabar; hoje, a estrela voltou a brilhar.
Os senhores sabem lá o que é torcer pelo Botafogo?
Link da publicação: https://www.estadao.com.br/economia/elena-landau/saf-aplausos-queixume-injustificado/
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