Entrevistas

IOF aperta crédito e deve conter Selic, dizem ex-diretores do BC à CNN

Mudanças encareceram custo do empréstimo e esfriam mercado de crédito, segundo Figueiredo e Schwartsman

CNN Brasil

Ex-diretores do Banco Central (BC) disseram à CNN que as mudanças implementadas pelo governo federal no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na última semana, devem esfriar o mercado de crédito do país e conter a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira.

Com as mudanças implementadas, as pessoas jurídicas (PJs) passam a pagar mais IOF em empréstimos. A alíquota teto para as empresas saiu de 1,88% ao ano para 3,95% ao ano. No Simples Nacional, foi de 0,88% ao ano para 1,95% ao ano.

Segundo o ex-diretor de Política Monetária do BC Luiz Fernando Figueiredo, o custo do empréstimo às empresas cresceu, o que esfria o mercado de crédito e pode gerar este efeito. Para o economista, contudo, ainda é “muito cedo” para avaliar a intensidade do movimento.

A avaliação do ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC Alexandre Schwartsman é semelhante: “encarece o crédito, então age como se fosse uma elevação da Selic. Já a intensidade, ninguém faz a menor ideia”, disse.

Schwartsman afirma, contudo, que a medida é estruturalmente negativa para o mercado de crédito e nega que ela ajudará o BC a controlar o juro de maneira saudável. “Mais à frente, [a medida] contribuirá para entupir mais um canal de transmissão da política monetária”, disse.

Para Figueiredo, este tipo de mudança, que impacta diretamente a política monetária, deveria passar pela mesa do BC. O atual presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, se posicionou contra o uso do IOF como medida arrecadatória e disse ter sinalizado esta avaliação ao governo.

Na última reunião do BC, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 14,75% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos. A autoridade monetária deixou a porta aberta para manter o encerrar o ciclo de alta na taxa de juros básica.

Link da publicação: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/iof-aperta-credito-e-deve-conter-selic-dizem-ex-diretores-do-bc-a-cnn/

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