Entrevistas

‘Ninguém está fazendo seu papel pelo equilíbrio fiscal’, diz Armínio Fraga

Em entrevista à coluna, ex-presidente do Banco Central analisa que nem Legislativo, nem Executivo têm atuado corretamente

Estadão

Armínio Fraga, um dos economistas mais respeitados do País, não mede palavras: “Hoje, ninguém está fazendo seu papel pelo equilíbrio fiscal”. Para ele, o ideal seria o Executivo liderar, mas isso não dá licença ao Legislativo para ignorar os impactos das próprias decisões. Exemplo? A decisão de ampliar o número de deputados federais. “É inconveniente e desnecessário neste momento delicado da economia.” Fraga lamenta o descaso generalizado com as contas públicas: “Todos são responsáveis, mas agem como se ninguém fosse”.

Fraga cita o decreto do IOF como exemplo de “ações pequenas e ruins”. Define o imposto como “de péssima qualidade” e elogia o Congresso por derrubar a medida. Para o ex-presidente do BC, o cenário só vai melhorar quando o País incluir os gastos públicos no debate. “Existem distorções tributárias que precisam ser enfrentadas, mas os gastos têm de entrar na equação. É uma questão óbvia: eles são enormes.” Sem isso, alerta, a incerteza continua — e os investimentos, somem.

O pessimismo de Fraga se estende ao arcabouço fiscal. “O que nasceu como um possível primeiro passo na direção certa perdeu importância.” Segundo ele, as regras que substituíram o Teto de Gastos já nasceram tímidas – e não foram capazes de gerar efeitos reais, como a queda dos juros. A cereja do bolo? A falta de execução. “Não está sendo cumprido. Às vezes, as medidas são apenas contábeis.” Ainda assim, pondera: “Pode ser melhor do que nada — talvez —, mas está longe de ser uma resposta à altura”.

Link da publicação: https://www.estadao.com.br/cultura/alice-ferraz/ninguem-esta-fazendo-seu-papel-pelo-equilibrio-fiscal-diz-arminio-fraga/

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