Entrevistas

O mercado está subestimando o perigo real de um eventual Lula 4 e colapso fiscal? – Stuhlberger

Market Makers

No episódio 24 do Second Level, Samuel Ponsoni e Thiago Salomão recebem Luis Stuhlberger (CEO da Verde Asset) e Luiz Parreiras (gestor da Verde) para um papo raro e sem filtro sobre multimercados, bolsa, juros altos, políticos, “isentos” e o futuro da indústria de investimentos no Brasil. A conversa volta no tempo para revisitar os 19 primeiros anos do fundo Verde, quando ele entrega CDI + 13% ao ano entre 1997 e 2015, surfando Maxi de 99, eleições de Lula, boom de commodities e anos de ouro da bolsa. Stuhlberger conta como nasce a filosofia do Verde: um fundo híbrido, com “neutro” em renda fixa + bolsa, focado em não correr risco de quebrar o cliente e evitar alavancagem irresponsável — mesmo quando o mercado recompensa quem “caça baleia branca” o tempo todo.

Quando o assunto é bolsa x juros hoje, Stuhlberger e Parreiras mostram números: falam de earning yield da bolsa, NTNB longa, equity risk premium abaixo de 2%, juro real altíssimo e por que, na visão deles, hoje o juro oferece risco-retorno melhor do que a bolsa, apesar de todo o rally recente. Eles explicam por que a posição estrutural de bolsa da casa recua de 30–35% para algo mais perto de 10–20%, como o crédito privado entra no portfólio e como estão montando estruturas de opções em bolsa e câmbio (EWZ e dólar/real) para capturar assimetria nas eleições.

A dupla também entra com força na polêmica dos produtos isentos: LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, debêntures incentivadas, FIIs e CDBs de bancos médios. Eles comentam o caso Banco Master, o papel do FGC, a “ilusão do isento” e por que acreditam que muita gente hoje está tomando risco de crédito pesado para ganhar MENOS que o Tesouro soberano, aceitando “prejuízo isento” em vez de lucro tributado. Tem crítica dura à alocação média do investidor brasileiro e um alerta claro sobre duration, risco de crédito e concentração em ativos isentos.

Na esfera política, Stuhlberger revisita sua declaração sobre nunca mais votar em Bolsonaro, explica por que vota em branco, como enxerga a quase vitória de Bolsonaro apesar de “fazer de tudo para perder votos” e por que acredita que um eventual “Lula 4” poderia ser bem pior do que o mercado precifica hoje, especialmente em termos de dívida/PIB, aumento recorrente de impostos e trajetória fiscal. Do outro lado, eles falam da possibilidade de uma centro-direita coesa, com nomes como Tarcísio, e do impacto potencialmente transformador disso em juros, bolsa e câmbio.

Link da publicação: https://www.youtube.com/watch?v=pB0cnA1w5A0

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