Coordenadora do programa econômico da campanha de Simone Tebet (MDB) reafirmou hoje críticas ao que considera ser “uma visão intervencionista na economia muito forte” do presidente
Valor
Coordenadora do programa econômico da campanha da senadora Simone Tebet (MDB) à presidência da República, Elena Landau avalia que o discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional não trouxe surpresas. Em entrevista ao Valor, a economista reafirmou hoje críticas ao que considera ser “uma visão intervencionista na economia muito forte” do presidente petista e, também, à crença de que se “pode induzir o crescimento [econômico] através dos bancos públicos.”
Ainda assim, para além das questões econômicas, Landau enxerga como positiva a possibilidade de mudança nos rumos do país em termos sociais a partir da posse de Lula. “Hoje não gostaria de ser economista, para curtir essa posse sem prestar atenção nos detalhes”, disse ela, admitindo ter se emocionado com a diversidade de segmentos da sociedade presentes à posse do petista. “Lula não está fazendo estelionato eleitoral”, disse ela.
No campo econômico, no entanto, Landau acredita que o discurso de Lula no Congresso não leva a um entendimento do compromisso do petista com a responsabilidade fiscal. A promessa de Lula de “valorização permanente do salário-mínimo” pressiona diretamente as contas públicas já que se trata de um indexador das despesas obrigatórias do governo, exemplificou ela.
A defesa de Lula de uma política de reindustrialização do país também pode criar problemas na visão da ex-diretora de desestatização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Seria bom a gente não industrializar com o que deu errado no passado”, opinou Landau, citando como exemplos negativos as indústrias naval, de microprocessadores e equipamentos de saúde. Como contraponto positivo, ela mencionou possíveis investimentos na chamada “economia verde”, incluindo projetos de descarbonização.
A economista considera equivocada a interpretação petista de que o teto de gastos inviabilizou ações sociais durante a pandemia. Na visão dela, embora Lula tente creditar a si próprio o fim do teto de gastos, foi na administração de Jair Bolsonaro que o limite aos gastos governamentais caiu por terra na prática. “Quem acabou com teto de gastos foi o [agora ex-ministro da Economia] Paulo Guedes”, conclui Landau.
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