À Coluna, ex-presidente do BC do Brasil avalia ser “extremamente negativo” ações como as do presidente americano
Estadão
Ex-presidente do Banco Central do Brasil (2003-2011) e ex-presidente internacional do BankBoston, Henrique Meirelles disse à Coluna que a reação do Federal Reserve (FED), banco central americano, às interferências de Donald Trump só reforçam a independência e credibilidade do órgão.
Nesta segunda, 25, o presidente dos Estados Unidos anunciou que demitiu uma das diretoras do FED, em meio à pressão para corte de juros. Lisa Cook, no entanto, se defendeu dizendo que vai permanecer no cargo por ‘não haver motivo legal’ para sua saída, já que Trump precisaria de uma justa causa para isso.
“Na medida em que o Banco Central [americano] mantém a sua independência frente a uma pressão como essa do Trump, ele aumenta sua credibilidade, porque mostra que está resistindo a uma pressão e, portanto, é independente, e, dessa forma, está fazendo a missão do Banco Central: agir independentemente para controlar a inflação”, avalia Meirelles.
Para o ex-presidente do BC, é “extremamente negativo” ações como as de Trump. “Os políticos tendem a achar que forçar o Banco Central a baixar os juros poderia fazer o país crescer mais. Mas isso seria uma baixa artificial, o que gera inflação e menor crescimento.”
Ele ainda afirma que a tentativa de demitir a diretora do FED “é exatamente para nomear alguém que seja favorável a uma tomada de decisão política” — o que é negativo, diz ele.
Meirelles ainda destaca a independência do FED desde 1951: “Trump já tentou demitir o presidente do FED, Jerome Powell, e não conseguiu exatamente porque não tem poder para isso”.
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