Em cinco anos, sistema nacional de compartilhamento de informações e serviços financeiros em ambiente seguro tornou-se o maior do mundo em todas as métricas
Valor
Cinco anos se passaram desde que a Resolução Conjunta 1/2020, do Banco Central (BC), criou o Open Finance no Brasil. Nesse tempo, o sistema nacional de compartilhamento de informações e serviços financeiros, em ambiente seguro, se tornou o maior do mundo em todas as métricas.
Essa conquista – importante para aumentar a competição no setor e o poder do consumidor na relação com as instituições financeiras -, é resultado de muito trabalho. O empenho do BC deve ser o primeiro a ser reconhecido. Não teríamos chegado aos resultados expressivos de quase 70 milhões de contas conectadas, 4 bilhões de chamadas de dados por semana entre instituições ou mais de 700 participantes ativos do sistema se não fosse a liderança do BC, por meio da sua diretoria e sua equipe técnica.
O resultado alcançado é demonstração de estabilidade institucional, da força da independência operacional e da excelência técnica. Ao longo de três gestões distintas, o BC segue firmemente comprometido com uma agenda de Estado crucial para o país, de aumento da competitividade e da eficiência do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O valor dessa solidez institucional merece ser reconhecido e celebrado pelo sistema financeiro e pela sociedade.
Os participantes do ecossistema também desempenharam papel relevante ao longo desses cinco anos de implementação. Reunidos na Convenção Open Finance – que conduziu o processo de implantação até o início de 2025 -, bancos grandes e médios, instituições de pagamentos, cooperativas, fintechs e iniciadores de transações de pagamento, por meio do então Conselho Deliberativo e nos grupos técnicos, levaram adiante a missão de implementar o que é hoje reconhecido como o maior e mais bem-sucedido projeto do tipo no mundo. E são eles que fazem que uma agenda, que começou regulatória, evolua hoje para uma diretriz de negócio. Fomento à competitividade foi a motivação inicial do open banking. Hoje, ser competitivo é fazer parte do open finance. Quem não está dentro, está em desvantagem competitiva.
Também celebramos hoje um novo momento do open finance, que é a criação da Associação Open Finance Brasil. Criada com o objetivo de garantir as novas etapas de evolução do projeto, a nova governança incorpora agilidade, eficiência e zelo pela sustentabilidade e o impacto das soluções e funcionalidades que virão a partir daqui. Com a associação, estabelecemos camadas mais claras de responsabilização e de comprometimento com a expansão e com a segurança do ecossistema. A nova entidade, sempre alinhada com o BC, atuará tecnicamente, focada no objetivo central do Projeto Open Finance, que é a geração de valor para a sociedade brasileira.
Conflitos – todos absolutamente legítimos – são inerentes à governança da nova entidade. Essa é a marca da representatividade, que impõe a necessidade do diálogo permanente. Mas cabe à Associação Open Finance ser técnica e republicana. Daí porque buscamos pessoas competentes e comprometidas com o nosso propósito para compor a diretoria e todos os quadros da associação. Temos a missão de alavancar todo o potencial de um sistema financeiro já reconhecido como inovador, diverso, fragmentado e muito eficiente. O open finance aqui está para torná-lo ainda mais inclusivo e promotor do desenvolvimento econômico e social do país.
Temos grandes entregas pela frente, em particular neste próximo ano e meio, em que a associação passa a ser a gestora dessa agenda. Estão vindo a portabilidade de crédito e salário, a ampliação da adesão de empresas, novas funcionalidades vinculadas ao Pix e jornadas otimizadas que facilitarão o uso pelos consumidores. E estamos só começando, há muito mais pela frente.
O que antes poderia ser impensável, hoje é plenamente possível por meio da enorme (e crescente) rede distribuída da qual a associação passou a ser a orquestradora.
Desafios são muitos, dentre eles o de garantir uma comunicação mais direta e clara com a sociedade. Esclarecer o que é open finance e quais são os benefícios que gera para o consumidor e para as empresas é nosso papel. Amplificar os conceitos de cidadania financeira para que cada brasileiro entenda que ele é dono das suas informações e pode e deve usá-las em seu benefício também é. Da mesma forma – e não menos importante – zelar pela segurança do ecossistema e mobilizar os participantes para garantir que o ambiente seja seguro e transparente para os clientes também é. Todas questões técnicas, mas que deverão ser comunicadas mostrando que open finance é poder, é mais poder para o cliente e para a empresa. Pois é disso que se trata, de empoderamento.
Se, em 2019, quando participei do Workshop de Open Banking do BC, quando o sistema estava sendo criado, tivessem me dito que eu estaria à frente da Associação Open Finance em 2025, certamente teria acreditado. Teria acreditado porque sempre acreditei que este era um projeto de extrema relevância para a sociedade brasileira. Que venham os próximos cinco, dez, quinze anos.
Link da publicação: https://valor.globo.com/financas/coluna/open-finance-a-revolucao-silenciosa-do-sfn.ghtml
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