Folha (publicado em 19/03/2022)
Horácio Lafer Piva, Pedro Passos e Pedro Wongtschowski
Há atualmente três vias alternativas para se chegar ao próximo ocupante da cadeira presidencial em Brasília.
Começando pelo fim, há a terceira via, que representaria a continuidade de uma gestão em que prevaleceram o fanatismo, o desprezo à democracia, o amor às armas, o menosprezo pela ciência, pela cultura e pelo conhecimento, a insensibilidade social, o negacionismo das mudanças climáticas e da importância do meio ambiente e um prazer suicida de ser visto como um pária pelo mundo civilizado. Uma gestão que desrespeita os mais comezinhos princípios da higidez fiscal. Uma gestão que julga a educação o setor a menos merecer o apoio e o suporte do governo.
Há uma segunda via, cujo programa ainda insiste em representar o passado. Parece ver o nosso século com os olhos de um tempo que ficou para trás; não entende que o mundo, os costumes, a economia e as relações entre os países não são hoje mais os mesmos. Uma visão distorcida do papel do governo em um Estado moderno; a insistência em tentar resolver os problemas de hoje com soluções que nem no passado funcionaram. Uma visão corporativa, centralizadora e autoritária: são os iluminados, donos únicos, indiscutíveis e seguros de suas verdades, que acabam por contaminar a economia com privilégios e corrupção.
Há, finalmente, como esperança dos que pensam o país daqui para frente, uma primeira via.
Esta primeira via pensa o futuro com os olhos no presente e a experiência do passado. Sabe que a indústria do Brasil tem sim futuro, desde que modernizada tecnologicamente e sustentável ambientalmente. Sabe que a saúde tem solução, com o uso da informática, com a valorização do trabalho médico preventivo, com a busca da eficiência e do respeito pelas pessoas. Sabe que a iniciativa privada é a fonte real de riqueza para todos. Sabe que o meio ambiente deve ser protegido; que a crise climática exige ação determinada e firme. Sabe ser a nossa justiça falha, tardia e incerta. Sabe que a ciência e a inovação são as bases para uma sociedade mais produtiva, mais eficiente, pensando no consumidor consciente. Que a educação é a base da criação de uma sociedade mais igualitária. Que a fome é intolerável e que as desigualdades atuais são inaceitáveis.
A primeira via vê o Brasil com expectativas; sabe que somos trabalhadores, majoritariamente corretos e ambiciosos por uma sociedade próspera e equilibrada, uma sociedade tolerante, que valoriza o conhecimento, este sim a base para uma convivência justa. A primeira via que traz a esperança de um Brasil melhor para nossos filhos e netos.
Sabemos todos que o melhor candidato não é o que provoca adesões antecipadas e apressadas, nem o que vocifera desde já contra os seus possíveis oponentes, mas o que compreende o tempo da disputa e o valor do debate. Estes serão os atributos que gerarão o projeto que haverá de receber o apoio de uma sociedade diversa como a nossa —e que representará o triunfo da democracia brasileira.
Aqueles que escolhem cedo demais não estão dando tempo para o surgimento de alternativas. Estão, sim, lavando as mãos, tratando com pressa e displicência uma eleição muito importante, fulanizando açodadamente o que depende mais de um coletivo do que um só líder.
Há diagnósticos, há projetos, há um exército de pessoas competentes para executá-los imediatamente após escolhida a liderança correta, disposto a compartilhar os desafios sem arrogância, egolatria e com visão de longo prazo.
Vamos ajudar a definir esta primeira via, que será a única a colocar de pé um sonho e um programa que conquistarão mentes, corações e o entusiasmo dos brasileiros.
Bem-vindos, candidatos da primeira via.
Lind da publicação: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2022/03/presidencia-da-republica-a-verdadeira-primeira-via.shtml
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