Diário do Nordeste
Depois de uma contração que começou antes mesmo da pandemia, as exportações nordestinas exibiram forte crescimento, em termos de valor, em 2021, atingindo $21 bilhões. Assim como a atividade econômica em geral, as exportações estão concentradas nos principais estados, Bahia (47% do total), Maranhão (21%), Ceará (13%) e Pernambuco (10%). Quando consideramos a pauta de exportações, valores acumulados até março, fica evidente a transformação ocorrida nas últimas décadas, com a substituição de produtos tradicionais por novos itens. A mesma é razoavelmente diversificada, dado que os cinco principais itens respondem por 51% do total: soja (19% do valor exportado), óleos combustíveis (12,5%), produtos de ferro e aço (7,2%), celulose (6,9%), óxido de alumínio (5,6%).
E como é o comércio exterior das principais economias nordestinas? A Bahia, que constitui cerca de 28% do PIB regional, respondeu por 3,6% das exportações nacionais em 2021, ocupando o nono lugar no ranking nacional. O estado arcou com 3,7% das importações, e registrou um superávit comercial de $1,9 bilhões, em uma corrente de comércio de $17,9 bilhões (uma margem exportadora de 10,5%). Soja, óleos combustíveis e celulose responderam por 41% das exportações baianas. Óleos combustíveis, gás natural e fertilizantes foram as principais importações. A presença de óleos combustíveis dos dois lados da balança comercial reflete o comércio em subitens distintos – exportações de óleo combustível de baixo enxofre, típicas da refinaria de Mataripe, e importações de diesel, por exemplo.
Pernambuco, a segunda economia da região, tem desempenho comercial mais modesto. O estado registrou um déficit de $4,5 bilhões em 2021, em uma corrente de comércio de $8,8 bilhões (uma margem de -52%). A pauta de exportações é diversificada, sendo liderada por óleos combustíveis, veículos, frutas e nozes e produtos petroquímicos. Partes e acessórios de veículos são também um dos principais componentes da pauta de importação, evidenciando a importância relativa do setor automotivo para o comércio exterior e a economia estadual.
O Ceará também apresentou déficit comercial em 2021, um saldo de -$1,1 bilhões em uma corrente de $6,6 bilhões (-17,1%). Produtos metalúrgicos semi-acabados ou básicos constituem o principal componente da pauta de exportações (quase 60% do valor exportado total). Óleos combustíveis e carvão são os principais itens da pauta de importações, evidenciando o aumento do uso de termelétricas na matriz energética do estado.
Finalmente, a quarta maior economia da região, o Maranhão, possui uma corrente de comércio diversificada, com superávit pouco abaixo de $200 milhões em 2021. As principais exportações são alumina, soja, minério de ferro e celulose. Por outro lado, óleos combustíveis e fertilizantes respondem por quase 90% do valor total importado.
Ainda que, entre as maiores economias da região, apenas a Bahia venha gerando superávits comerciais expressivos, chama atenção a crescente diversificação do comércio exterior das principais economias nordestinas.
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