Recursos do fundo europeu criado para financiar os países após a pandemia tiveram grande importância
Estadão
A Espanha cresceu 3,2% em 2024, mais que o triplo do observado na União Europeia (UE), 0,9%. A recuperação começou depois da pandemia, e entre os fatores que a explicam está o turismo, que vem atraindo o dobro de visitantes em relação aos habitantes. Os aluguéis por curta temporada contribuem para isso, e regras mais rígidas podem conter a sobrecarga nas cidades mais visitadas.
O setor bancário também tem peso importante na economia e é um dos mais dinâmicos da Europa.
A profunda reestruturação e as reformas adotadas após a crise de 2008-2014 aumentaram sua eficiência e globalização. Já na indústria, o setor automobilístico é o segundo mais importante da Europa, atrás apenas da Alemanha.
A imigração tem alimentado esse bom desempenho. A maioria de latino-americanos facilita a integração com a população local em razão da língua e da cultura comuns. Ainda assim, há críticas à imigração, como vocifera a extrema direita, que criou o partido Vox.
Além dessa ajuda latino-americana, tiveram grande importância os recursos do fundo europeu (Next Generation EU) criado para financiar os países na saída da pandemia e na adaptação à tecnologia digital e à transição energética. Do total de € 700 bilhões, os maiores beneficiados foram a Itália, a Espanha e a Grécia.
Em volume, a Itália liderou com € 194 bilhões, ou 9,3% do PIB. Já a Espanha ficou com 11,1% do PIB, ou € 163 bilhões, e a Grécia com € 36 bilhões, ou 16,3% do PIB. Ainda estão em curso as liberações das parcelas, o que impede uma avaliação precisa de seus impactos econômicos.
Contudo, a teoria e a evidência empírica indicam que os efeitos de recursos sobre o crescimento dependem da qualidade das instituições do país que os recebe (ECB, WP-3014, 2025), já que investimentos públicos atraem todo tipo de práticas corruptas.
Para serem contidas, são necessários um Judiciário eficiente, leis eficazes para coibir a corrupção e uma sociedade civil vigilante e atuante.
Os sinais de que a Espanha está usando bem os recursos recebidos sugerem um aumento da integridade no país.
Em 2014, acusado de corrupção, o então rei da Espanha, Juan Carlos I, abdicou a favor de seu filho. Teria recebido US$ 100 milhões em contrato de trens de alta velocidade firmado entre um consórcio espanhol e a Arábia Saudita. Foi para lá que se exilou o ex-monarca. E seu filho, o rei Felipe VI, ao lado de uma Justiça atuante, tem se esforçado para incorporar ética e integridade ao cargo e ao país. Que o exemplo prospere.
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