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“Está na hora de ser liberal”, diz Samuel Pessôa, do Ibre

 

Pela varanda de tons azul claro e branco, o doutor em economia Samuel Pessôa chega a este “À Mesa com o Valor” de camisa cor-de-rosa e com uma garrafa de Indaiazinha. Servido o gole da aguardente, a garrafa vai para os fundos do restaurante. “Senão vou falar demais”, diz o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Frequentador da Tasca do Zé e da Maria, restaurante de cardápio português localizado a quatro quadras de seu escritório em Pinheiros, em São Paulo, Pessôa senta-se à mesa habitual, reservada para este almoço pelo dono, o cearense Zé Maria, que foi maître do extinto Antiquarius.

A cachaça, entretanto, continua na conversa. Ele se recorda do episódio em que uma jornalista telefonou e o pegou na casa de praia em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, com uma caipirinha na cabeça. A entrevista era sobre conjuntura econômica, os erros da Nova Matriz Econômica, e ele disse tudo o que pensava sobre a equipe do então ministro da Fazenda do governo Dilma, Guido Mantega. “Foi um tonzinho acima”, reconhece. Assim que se deparou com a matéria, Marcos Lisboa, seu amigo há mais de 20 anos, identificou: “Você estava com cachaça”.

Com Lisboa, que preside o Insper e foi secretário de Política Econômica no governo Lula, Pessôa lançará dois livros pela Companhia das Letras, sendo um deles ainda neste semestre e o outro até o início do ano que vem. A ideia é reunir os debates dos quais participaram nos três últimos anos, sozinhos ou em dupla, com nomes como o ex-candidato a presidente Fernando Haddad (PT), o filósofo Ruy Fausto, o sociólogo Celso Rocha de Barros e economistas heterodoxos, como Luiz Gonzaga Belluzzo e Pedro Paulo Zahluth Bastos. Foram discussões travadas nas páginas do jornal “Folha de S.Paulo” e da revista “piauí” sobre o papel da esquerda, do Consenso de Washington e da globalização para o desenvolvimento econômico, entre outros temas. Debates apimentados, mas cordiais.

“Tiveram todos eles a marca da tolerância”, diz. Segundo ele, isso significa dar voz a quem está debatendo com você e praticar a escuta mais honesta possível para, só então, reagir. “O que nos motivou foi o momento do país, já bem polarizado. A polarização você aceita ou não. Fiz um monte de debates e não tive problema. Somente em um, admito, que fui em um tom acima.”

Ele se refere a um evento do Centro Celso Furtado, dois anos e meio atrás. Foi convidado a debater com uma série de economistas heterodoxos e, de repente, começou uma crítica que classifica como “muito azeda” à gestão de Michel Temer. Conta que ficou irritado porque a desaprovação era feita de forma descontextualizada, como se o governo Temer tivesse caído do céu e a política econômica não fosse resposta a erros acumulados na gestão anterior. ”

Acho que os economistas heterodoxos ficaram um pouco chateados. Estava lá o Ricardo Bielschowsky, um dos maiores especialistas em história do pensamento econômico, que tem um livro muito legal sobre o ciclo do nacional desenvolvimentismo. O debate tá na internet, viralizou. Vê lá se fui muito grosseiro”, diz. “Quando se vai acima do tom, quem concorda com você faz a maior festa, mas quem não concorda fica aborrecido.”

Pessôa então capricha na pimenta sobre o prato com bolinho de bacalhau e croquete. “Sou pimenteiro e cachaceiro, vou viver muito. E bebo de tudo. Meu hepatologista briga bastante comigo, mas meu fígado está zero bala”, diz. Para Pessôa, “se [Bolsonaro] for reeleito, significará que fez um bom governo do ponto de vista da geração de renda, da redução do desemprego e do crescimento econômico”

O fígado explica boa parte do objeto de um dos debates: o impeachment de Dilma Rousseff. Mas não abarca toda a complexidade de Samuel Pessôa: um físico que se versou em economia e gostaria de ser político; um admirador do PSDB que foi filiado a um único partido (PT) e optou por Lula, e não José Serra, na eleição presidencial de 2002; um fervoroso defensor da social-democracia, mas ansioso por um projeto liberal para o Brasil, e que votou em branco no segundo turno das eleições de 2018, mas torce pela reeleição de Jair Bolsonaro.

Para falar sobre o debate que testou o fígado de Pessôa, é necessário retomar um texto de Celso Rocha de Barros na “piauí” sobre a crise das democracias no mundo e no Brasil e o impeachment de Dilma. O sociólogo escreve que o impedimento quebrou o princípio da boa convivência democrática no Brasil, abrindo flancos perigosos na sequência. O princípio é o que se chama em inglês de “forbearance”, traduzido por Barros como “autocontrole”: “a disposição de se abster de usar contra o adversário todos os recursos institucionais disponíveis, pelo bem do funcionamento do jogo político como um todo”.

Segundo Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, autores de “Como as Democracias Morrem”, trata-se da primeira de um conjunto de normas não escritas que sustentam a democracia americana, impedindo que pontos cegos da Constituição sejam explorados para desestabilizar o sistema. “Eu traduzi a palavra ‘forbearance’ como ‘comedimento’, após escarafunchar a raiz grega. O argumento do Celso Rocha de Barros é que a direita brasileira abriu mão da autocontenção quando decidiu abrir o impeachment da Dilma. Já o argumento meu e o do Marcos [Lisboa] é de que o PT abriu mão da autocontenção desde sempre, e toda a ação do PT na democracia se dá na zona cinzenta.”

A pergunta é se essa postura do PT justificaria a direita abrir mão do comedimento. “Não”, responde Pessôa, sem deixar de buscar explicações. “Tantos anos o PT jogou nessa zona cinzenta, que uma hora todo mundo desistiu. O diálogo ficou muito difícil.” Segundo ele, o PT fez uma oposição a Fernando Henrique Cardoso altamente destrutiva, mesmo tendo o presidente tucano praticado bastante a autocontenção em 2002 e entregado a Lula um superávit primário de 3% do PIB.

“Ele podia ter usado esse dinheiro para eleger o Serra. Mas fez uma transição de alto nível e, depois que Lula assumiu, o PSDB agiu praticamente como um partido da base de sustentação do Lula. Eu sei porque nessa época era assessor do [senador] Tasso Jereissati [PSDB-CE] e a gente votou a favor de praticamente tudo o que o Lula mandou. E o Lula batendo na gente com a [expressão] ‘herança maldita'”, recorda-se.

Com o mensalão, diz Pessôa, o PT teria ido para uma posição muito defensiva e o antagonismo com o PSDB só cresceu. “No processo eleitoral de 2014, o PT resolveu queimar todas as pontes”, afirma. Embora o critério de quebrar a autocontenção seja subjetivo, o economista diz acreditar que isso ocorreu em três situações: quando o governo petista transformou o superávit fiscal em déficit para reeleger Dilma; quando “mentiu à larga” sobre o que ia fazer, maquiando as contas públicas; e quando demonizou os adversários.

Qualquer campanha política usa um pouco desses três ingredientes, com certa agressividade. O problema, avalia Pessôa, é que o PT teria passado da conta nessa dosagem. “Aos olhos da política brasileira, era uma quantidade inaceitável.” Ao mesmo tempo, seria um prato cheio, que veio de bandeja para os conservadores abrirem o processo de impeachment? Certamente. “Não só era a deixa que os conservadores queriam, como é preciso notar que o vice dela [Temer] era do outro campo ideológico. Pergunto: por que ela escolheu um vice do outro campo?”

Para dar a tal governabilidade, fazer o acordo com o então PMDB – mas também ganhar a eleição, diz. “Olha a votação da Dilma no Triângulo Mineiro. Não é uma região nada petista, mas ela ganhou lá por causa da máquina do PMDB. Essa máquina foi a campo para vencer. Se deu força, construiu também sua fraqueza. Dilma sabia que isso podia ser usado politicamente contra ela, mas mesmo assim cometia erros em série.”

Chegam os pratos: bacalhau desfiado com tomate e saint peter com arroz de brócolis. Entre garfadas, Pessôa sugere espiar a lei do impedimento na internet, que é de 1950 e, a seu ver, bastante generalista. Qualquer coisa pode ser usada como justificativa para se abrir um processo de impeachment. Junte-se a isso a fragilidade política em um posto muito poderoso como o da cadeira da Presidência da República no Brasil.

Ele faz uma comparação. Enquanto nos Estados Unidos o presidente tem poderes  restritos – Donald Trump não consegue US$ 4 bilhões para construir um muro na divisa com o México -, “aqui o presidente pega R$ 500 bilhões e põe no balanço do BNDES”, que faz o que quiser com esse dinheiro. O Congresso não fala nada a respeito. “Mas, exatamente pelo fato de o cargo ser forte, quando o presidente brasileiro perde a capacidade de conversar com o Congresso, isso gera grave crise política. Nos EUA não acontece nada, o Estado para e a vida continua.”

Um ponto levantando por Celso Rocha de Barros é o de que “Dilma tentou no segundo mandato corrigir as atrocidades feitas na gestão macroeconômica do brasileiro perde a capacidade de conversar com o Congresso, isso gera grave crise política. Nos EUA não acontece nada, o Estado para e a vida continua.” Um ponto levantando por Celso Rocha de Barros é o de que “Dilma tentou no segundo mandato corrigir as atrocidades feitas na gestão macroeconômica do primeiro”. Mas a oposição não deixou, com o intuito de queimá-la. Pessôa reconhece que Dilma buscou genuinamente arrumar a economia, e até mesmo deixou um legado quando chamou Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. E que, de fato, o melhor para o país naquele momento era que todos os deputados pensassem só no Brasil, arrumassem o problema fiscal, a economia voltasse a crescer e a sociedade seguisse para o embate eleitoral em quatro anos. Isso no mundo ideal.

“Agora, pensa assim: o partido da situação, quando era oposição, só te destruía. Quando você foi para oposição e o ajudava, ele continuou te batendo. Depois de eleito pela quarta vez, esse partido mente deslavadamente, destrói a política fiscal e demoniza os adversários como nunca antes em um processo eleitoral. Aí, quando dá tudo errado, esse partido quer que você o ajude a arrumar o rombo. A pergunta é: a política consegue produzir isso? Consegue chegar a esse limite de autocontenção?”, diz. era golpe. Aí quando é da Dilma é golpe? Qual a lógica?”

E, por falar em lógicas diferenciadas, ele rechaça que o tratamento a Dilma seja mais duro do que a outros políticos, como Michel Temer – um governo que, em sua opinião, ficará muito bem nos livros de história, ainda que o ex-presidente tenha se  se tornado réu. “Não se trata de ‘dois pesos, duas medidas’, porque a Dilma foi responsabilizada pela política, e o Temer está na esfera da Justiça.”

O assunto da política é apetitoso para alguém que pensou em ser médico, graduou-se em física e enveredou para a economia ao passar em uma prova da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec). Seu avô, de quem herdou o nome, havia sido um eminente parasitologista e servia como inspiração profissional. Mas, quando estudava no Colégio Bandeirantes, quem fez sua cabeça foi um professor de física barbudo, magro, ranzinza e fumante como uma chaminé. Ele dava aula de física sem usar o quadro negro, apenas com o completo domínio da fala. “Era como se desenhasse falando.”

Mas o professor de geografia também depositou ali algumas sementes, quando o fez ler “Formação Econômica do Brasil”, de Celso Furtado, e “História Econômica do Brasil”, de Caio Prado Jr. “Até hoje me vejo com 16 anos lendo esses dois livros.”

Na travessia da física para a economia, a matemática serviu de ponte. Era a linguagem comum, aquela que usa números para expressar uma realidade exterior, seja o mundo da matéria, seja a sociedade humana. A segunda opção soava bem mais premente. A crise de 1981 a 1984, período da maior perda de PIB per capita dos últimos 120 anos (a do governo Dilma foi a maior em perda de PIB absoluto), influenciou de modo crucial a decisão do então jovem físico. “Era uma crise brutal, que veio junto com o aumento de problemas sociais e inflação a 150% ao ano.”

Havia uma sensibilidade com os desvalidos. Samuel Pessôa nasceu em 1963, no berço de uma família de esquerda, e cresceu em um meio, ainda que abastado, muito crítico à ditadura. “Fui o menino rico da zona oeste paulistana. Quando vejo alguém com a minha história bem esquerdista, costumo chamar de ‘rico culpado’. É o cara criado a Danoninho, que frequenta clube bom e passa férias em alguma praia do litoral norte.”

Ele lembra do dia em que foi a pé do Pacaembu até a Livraria Cultura da avenida Paulista e de lá saiu com dois livros sob o braço: “Microeconomic Analysis”, de Hal Varian, e “Dinâmica Macroeconômica”, de Mário Henrique Simonsen. “Comecei a estudar por conta própria. Fiquei surpreso com a sofisticação teórica do conhecimento econômico. Sem saber nada, tinha pego os dois melhores livros na época. Simonsen era uma pessoa fora de esquadro.”

Pessôa percebeu que seria muito mais estimulante investigar a sociedade que estudar a matéria, lembrando que cada unidade nas ciências humanas – o correspondente ao “átomo” – é um tomador de decisão. Mais interessante ainda no Brasil, onde não falta pauta. Que o diga o colunista semanal da “Folha de S.Paulo”. “Fiquei com medo de aceitar o convite para escrever, achava que não daria conta. Mas há sete anos não teve domingo sem uma coluna minha publicada”, diz Pessôa, que ainda se reveza entre o escritório da consultoria Reliance em São Paulo, e o Ibre no Rio de Janeiro – além da atenção às duas filhas, uma de cada casamento.

Neoclássico, ou “neoliberal” para alguns, explica por que em 2002 votou em Lula, e não em Serra. “O Lula, por ter tido uma infância de muita privação, era um cara que sabia o valor da estabilidade. A bagunça macroeconômica batia no bolso dele.” Seria, portanto, mais conservador do que o candidato do PSDB. “E eu tinha muito medo dessa política da qual o Serra é filiado, a tradição do nacional desenvolvimentismo, do intervencionismo.”

Pessôa sempre achou uma bobagem, por exemplo, a interpretação de que os Tigres Asiáticos cresceram graças à indústria nacional. “Ficaram ricos porque trabalham muito, poupam muito e estudam muito. Nada mais que essa coisa careta”, diz.

“Quando o governo Lula começou com o [então ministro da Fazenda, Antonio] Palocci, eu disse: ‘Acertei!’. Estava animadíssimo. Era um bom governo. Difícil fazer oposição.” Por isso, Pessôa tem dificuldade em responder por que o governo Lula mudou a formulação da política econômica no segundo mandato, antes funcionando. “Eu me pergunto isso até hoje. É uma pauta maravilhosa para conversar com o Palocci.”

Sua simpatia com o petismo acabou definitivamente no virulento processo eleitoral de 2014. “Ali comecei a acreditar que o PT não pertencia ao campo democrático, apesar de achar que existam democratas genuínos lá dentro.” Reconhece que o PSBD também se perdeu, diante da corrupção. É com desgosto que lembra do depoimento de Joesley Batista, da JBS, contra Aécio Neves – Pessôa integrou o time de economistas do programa tucano. Mesmo assim, considera Aécio um bom nome.

“Pega o currículo dele. O Brasil precisa de bons políticos. Se não, a gente vai ter quem para mediar nossos conflitos? O [ministro da Justiça e Segurança Pública] Sérgio Moro? O Exército? Qualquer alternativa que não a política é infinitamente pior.  Considero a mais difícil atividade humana, mas, disparado, a mais legal. Se eu fosse talentoso, seria um político.”

Ele dá uma sugestão aos políticos da esquerda, em relação ao governo Bolsonaro: aproveitar o ensejo das reformas para emplacar uma agenda tão cara a essa ala, que é a de aumentar a progressividade da estrutura de impostos. “Se eu fosse esquerda hoje, faria um bloco, chamava o [ministro da Economia] Paulo Guedes e diria a ele: ‘Nossa condição para apoiar a reforma da Previdência é que votemos conjuntamente em tais e tais programas que vão aumentar a progressividade’. Tem espaço para negociação, na minha impressão.”

Quando questionado sobre uma possível candidatura à Presidência em 2022 do governador paulista João Doria (PSDB), Pessôa diz: “Torço para que o Bolsonaro seja reeleito. Isso porque, se for reeleito, significará que fez um bom governo do ponto de vista da geração de renda, da redução do desemprego e do crescimento econômico”. Mas faz um adendo: “O que temos visto nos primeiros cem dias, entretanto, sugere que ele não deseja terminar o mandato”.

“Quando o Paulo Guedes diz que tivemos seis governos social-democratas e está na hora de ter um mais liberal, ele tem razão. A agenda social-democrata esgotou-se nesses seis governos. Eu queria o [Geraldo] Alckmin, mas perdi. E acho que de fato a gente precisa agora de um período mais liberal.” E então sugere que se ouça Ricardo Paes de Barros, que integrou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e hoje leciona no Insper. “É o cara que mais entende de política social no Brasil, o profissional de economia mais respeitado pelos seus pares e provavelmente o maior QI da profissão.”

Segundo Pessôa, Paes de Barros pensa que o Brasil, no estado atual, esgotou a capacidade de atacar as inequidades com as políticas de transferência de renda. E que a agenda da vez é a do crescimento. “Se a gente não colocar o Brasil para crescer, será muito difícil atender às necessidades sociais dos mais pobres. O Brasil precisa de uma janela de uns 10 anos de crescimento acelerado. A eficiência econômica hoje é uma agenda também dos mais pobres.” Para Pessôa, isso não significa que o crescimento se traduz automaticamente em benefício social – será preciso adotar as políticas certas, efetivas.

Ainda que veja na equipe de governo alguns ministros “lunáticos”, tem com a área econômica enorme concordância e considera Paulo Guedes um economista de primeira grandeza. Mas, no segundo turno, não conseguiu votar em Bolsonaro e tampouco no PT. Pela primeira vez na vida, deixou em branco. Com o tempo, alguns receios arrefeceram.

“Tudo o que eu vi acontecer desde a eleição para cá me deixou mais calmo, embora sempre haja riscos”, diz, em relação à prática democrática. “Hoje estou com menos medo que em outubro.” Ele se recorda, durante a campanha, de ter sofrido pressão imensa para assinar manifestos em defesa da democracia. “Acho que tem o momento de assinar o manifesto, o momento de jogar o jogo democrático e o momento de ir para a rua. Considero que a gente ainda está no momento de jogar o jogo da democracia.” A essa altura, não lhe havia ocorrido uma questão: estaria pronto para fazer debates com o novo governo? Na parte econômica, que é sua praia, sim. Mas, favorável à legalização do aborto e pai de duas meninas, classifica como “estranhos” temas do tipo “meninos de azul e meninas de rosa”, apregoado pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Além disso, nunca pensou que um dia teria de ler os livros de Olavo de Carvalho. E também não se vê em condições de debater com o atual ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. “O máximo que faço é vir de camisa rosa.”


Fonte: Valor Econômico, p
or Amália Safatle

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